Argentina vota neste domingo para renovar Senado e Câmara de Deputados

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Com a votação, os governistas podem perder controle do Senado. País vive um período de alta inflação. Foto de sessão virtual do Senado da Argentina em 13 de maio
Agustin Marcarian/Arquivo/Reuters
Os eleitores da Argentina votam neste domingo (14) para renovar parte dos representantes no Legislativo. Metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado serão eleitos.
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A Câmara Nacional Eleitoral, a autoridade eleitoral argentina, estima que a participação deve ser alta, em torno de 73% dos eleitores. Isso porque a pandemia está menos severa neste momento.
A expectativa é que os resultados provisórios comecem a ser divulgados às 21h30.
Governistas devem perder maioria no Senado
Na Argentina, o vice-presidente também tem o cargo de presidente do Senado.
Portanto, o cargo é ocupado por Cristina Kirchner. Hoje, ela consegue controlar, pois a maioria dos senadores é da coligação governista, a Frente de Todos.
Cristina Kirchner e Alberto Fernández em 11 de novembro de 2021
Matias Baglietto/Reuters
A oposição é liderada pela frente Juntos pela Mudança.
Há indicações de que a Frente de Todos pode perder seis senadores e ficar com um total de 35 (menos do que a maioria absoluta necessária para aprovar leis).
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Quais estados vão renovar seus senadores?
Não são todos as províncias (unidade federativa semelhante aos estados brasileiros) que vão votar para o Senado. Haverá votação nos seguinte locais:
Córdoba,
Chubut,
La Pampa,
Mendoza,
Corrientes,
Tucumán,
Catamarca,
Santa Fé.
La Pampa é um reduto tradicional do peronismo (corrente política do atual governo), mas pode ser que os candidatos governistas percam as eleições lá.
Outro local onde os governistas podem perder senadores é em Chubut –lá, são duas vagas do Senado em jogo.
Em Córdoba, a Frente de Todos pode ficar até em terceiro lugar.
As melhores chances dos candidatos governistas são em Tucumán e Catamarca.
Votação no geral
As pesquisas mostram que a aliança de oposição tem cerca de 10 pontos percentuais de vantagem.

Uma pesquisa da empresa Management & Fit mostrou que a oposição conservadora estava bem à frente, com 40% dos votos nacionais contra 27,8% do partido governista Frente de Todos,.
Outra pesquisa da Ricardo Rouvier & Asociados tinha a oposição com 42,1%, à frente do governo, com 34,2%.
Se esse resultado se confirmar nas urnas, o presidente do país, Alberto Fernández, deve ter mais dificuldade para governar, pois o Senado passaria para o controle da oposição.
O que aconteceu nas prévias?
Na Argentina, todas as coligações são obrigadas a fazer prévias. Como os eleitores só podem escolher uma coligação para votar, o resultado dessas prévias é sempre interpretado como um sinal sobre o que deve acontecer na eleição de fato.
As prévias aconteceram no dia 12 de setembro.
A frente política do ex-presidente Maurício Macri (Juntos pela Mudança) obteve cerca de 40% dos votos, e a frente de Fernández (Frente de Todos) teve cerca de 31% dos votos nacionais.
Por que é importante?
Embora a renovação seja parcial no Congresso da Argentina, as eleições de domingo terão um impacto na presidência de Fernández porque definirão a governabilidade para a segunda metade de seu mandato, segundo analistas.
“Se os resultados da prévias se repetirem, o partido no poder pode perder a maioria que tem no Senado e não só não alcançaria a maioria dos deputados, mas também perderia cadeiras”, diz Rosendo Fraga, diretor do Centro de Estudos Nova Maioria.
O analista político Gabriel Puricelli considera que “a composição do Congresso determinará as condições de governança” até 2023, quando termina o mandato de Fernández.
Mas também são “um testa da viabilidade das duas principais coalizões como veículo para as próximas eleições presidenciais”, diz, referindo-se à Frente de Todos.
Outro fator a ser levado em consideração “será quanto poder a oposição terá no Congresso. Se conseguir o poder de bloqueio, é mais provável que o use”, diz Puricelli.
O cientista político Carlos Fara considera que uma derrota “travará o kirchnerismo nas duas Câmaras e pode dificultar questões institucionais no Senado, como a nomeação de juízes”.
Crise econômica e de Covid-19
Há uma onda de descontentamento contra o governo argentino por duas razões:
Escândalos ligados a problemas na gestão da pandemia (houve gente que furou a fila da vacina, e o presidente foi a uma festa no período em que aglomerações estavam proibidas);
Economia com inflação em alta.
Em 12 meses, a inflação chegou a 52,1%, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec). A inflação na Argentina avançou 3,5% em outubro na comparação com o mês anterior.
O dólar no mercado ilegal, chamado de “dólar blue”, atingiu um novo recorde de 206,50 pesos. Com a valorização, a diferença para a cotação oficial é de mais de 100%.
A última pesquisa de aprovação do governo da consultoria Isonomía mostra que 33% dos argentinos aprovam Fernández. Cristina Kircher, a vice-presidente, é aprovada por 31%.
Reação do governo
Desde o resultado das prévias, em setembro, o governo fez algumas tentativas para recuperar a popularidade:
Congelou preços;
Passou a imprimir mais dinheiro;
Aumentou repasses de programas sociais.
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Fonte: G1 Mundo