Sem esgoto, moradores de bairros em Palmas dependem de fossas e temem doenças: ‘Com chuva fica tudo alagado’

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Realidade é comum em bairros mais afastados do centro da cidade, onde vivem famílias mais carentes e vulneráveis. Especialista explica que saneamento básico é um direito constitucional. Famílias da região sul de Palmas improvisam fossa para descartar esgoto sem tratamento
Mesmo sendo uma cidade planejada e que ainda não atingiu 300 mil habitantes, a capital mais nova do país tem muitas famílias vivendo sem rede de esgoto. Doenças relacionadas à precariedade do saneamento básico, inclusive, são a causa de milhares de mortes todos os anos no país.
Sem acesso à rede de esgoto, inúmeras famílias precisam recorrer às fossas para destinar o esgoto. Essa é uma realidade comum em muitos bairros da região sul de Palmas.
“Eu mesmo cavei minha fossa em casa. Enche a fossa também e às vezes tem que colocar um pouco [da água] para molhar as plantas. Com chuva fica tudo alagado meu quintal”, contou o pedreiro Josenaldo Rocha.
Um estudo do Instituto Trata Brasil apontou que mais da metade das famílias abaixo da linha de pobreza vivem sem saneamento. Mais de 67% delas não possuem acesso à rede de esgoto. Segundo a bióloga Liliana Pena Naval, especialista em saneamento ambiental, a localização afastada das regiões centrais é um fator que influencia no problema.
“Quando elas estão segregadas, fora dos grandes centros, normalmente estão instaladas em áreas irregulares. Então esta é uma das causas. A moradia dessas pessoas em áreas irregulares faz com que o governo, o poder público, não regularize essas habitações e por conta disso não há um fornecimento de água, esgoto ou energia de forma legal”, disse.
Esgoto sem tratamento é um risco para muitas famílias
Reprodução/TV Anhanguera
A dona de casa Leir Pereira da Silva mora com o marido e os filhos na região da Capadócia. Eles construíram uma fossa do lado de fora da casa para descartar o esgoto sem tratamento. A água da pia é despejada no próprio quintal. “A gente limpa, tira o excesso de alguma coisa que cai dentro para deixar limpo para ela ir secando até a outra água vir. Para não dar mosquito da dengue”, disse.
A saúde, inclusive, é o que mais causa preocupação. “Quando a gente fala do esgoto a gente tem problemas relacionados principalmente às doenças de veiculação hídrica, como a leptospirose, desinteira, esquistossomose, febre tifoide, cólera, que são as mais conhecidas”, disse a especialista.
A dona Maria Francisca Damasceno, que mora em Taquari, também só tem a fossa para descartar o esgoto. A água do tanque é reaproveitada para regar as plantas. “Onde acumula, com certeza, corre risco de saúde por causa da dengue e muitas coisas”, disse.
“A gente tem que ter em mente que a constituição brasileira assegura, é um direito do cidadão brasileiro ter água, ter saneamento, moradia, habitação digna. É um direito constitucional e quando isso falta significa que o estado falha”, afirmou a bióloga.
A Prefeitura de Palmas e o governo do estado foram procurados pela TV Anhanguera para falar sobre o plano de saneamento e da cobertura atual na capital e no estado, mas não houve nenhuma resposta.
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Fonte: G1 Tocantins